Despido de preconceitos e ideias preconcebidas. Tal como a vida.

01 novembro 2006

ProfundisCrónicusMundisSisudus

Agora vou pregar aos peixes, porque realmente pouco interessa o que cada um de nós diz, pesa isso sim o que cada um de nós faz. Sou homem, masculino. Vivo num mundo dominado por homens e controlado por mulheres. Os homens impõem a realidade e a força e as mulheres valem-se da inteligência e da sensibilidade para conquistar o seu lugar no mundo e para construir os seus pontos de vista. Toda a minha vida combati os lugares comuns mas acabo por ter que me render e dizer ao meu filho que "sim", pois filho, é isso mesmo, tal é a normalidade com que as coisas lhe são colocadas e ele se questiona. Chega a um ponto em que me tenho que questionar sobre o que é a realidade para mim.
Nunca pensei ou observei ou sequer considerei o ponto de vista de dois seres humanos relativizado pelo facto de serem de sexos distintos. Nunca me ocorreu, talvez por viver entre seres humanos inteligentes que a inteligência ou o descerenimento fosse uma questão de sexo. Profissionalmente nunca fiz distinção entre nenhum e acho que vivo uma época em que as partes estão envolvidas numa guerra um pouco cega onde se começa a identificar o sexo com outras qualidades. E guerra será enquanto não percebermos que há mais pontos que nos aproximam que os que nos separam.

Estou farto e cansado. Não me oponho a ninguém. Não tenho culpa se os fracos leitores de livros sagrados tentem distorcer o que leram e tentem impor a imagem que já tinham antes de ler o "tal" livro. Não leiam mais livros fazedores de opiniões, venham cá a casa, conversem comigo e deitem essa treta para o lixo de onde nunca devia ter saído. Expliquem-me por que raio estou eu em guerra se eu não fiz nada nem quero fazer para incomodar ou entrar em conflito com quem quer que seja.

Homens, mulheres, homens, mulheres... Que seca. Considerem por um segundo se alguém terá alguma culpa pelo facto de um seu ascendente ser um criminoso qualquer. Imaginemos que há duas raças de bichos na terra. Os marcianos e os venusianos. que culpa tem um marciano se um "bronco" da sua raça é bronco? E um venusiano?
Eu consigo compreender o sinal dos tempos, vivo com ele e adoro-o. Calhou ser homem. Se fosse mulher podia ter mais orgasmos. Essa é a diferença.

17 comentários:

Anónimo disse...

"Expliquem-me por que raio estou eu em guerra se eu não fiz nada nem quero fazer para incomodar ou entrar em conflito com quem quer que seja."!!!
Se não fizeste nada não tens de estar em guerra...ou então a guerra não é tua... Mas não é o que parece... Parece que queres ter a tua razão também ("não fiz nada...")e essa é a fonte de todas as guerras, ter razão... Tens a certeza que não fizeste nada?! Então és provavelmente e apenas uma vítima duma guerra que não é tua? Será? Ou será que não fazer nada em certas situações é fazer muito (mal ou bem). Enfim... Seria interminável.

Varanda disse...

Ai! Ui! Calma, largue lá o pau que isso dói.

...Eu sabia, quem anda á chuva molha-se...


Dear anonymous, embora me dê um certo prazer, concordo consigo que não fazer nada pode ser fazer muito. Principalmente quando se espera que faça qualquer coisa e qualquer coisa boa. O problema é que não é disso que eu estava a falar, eu estava a dizer (como V.Ex. citou muito bem) que "Expliquem-me por que raio estou eu em guerra se eu não fiz nada (...) para (...) entrar em conflito com quem quer que seja."
E estava a falar dos lugares-comuns que ouço sobre mim pelo facto de ser homem, embora não me colem.

Tá a ver? É um bocadinho "outra coisa"...
Mas, pronto, dá uma certa "cor" ter um comentário diferente embora lamentavelmente anónimo.

Anónimo disse...

Não percebi! O "problema" é a "guerra dos sexos" e o Varanda apanha por tabela por ser homem ou as pessoas - no geral - não se entenderem?

Anónimo disse...

Queria dizer apanhar!

Varanda disse...

Shit!!!

OK vou ali buscar a armadura do batman...

Sai pau!!! Ui! Ui!

Anónimo disse...

Estou deliciada com o que li. Tudo. De uma ponta a outra. Saber que há varandas que são imperdíveis em condição de ser. Só isso. Talvez que essa forma tão simples de falar das coisas seja a fórmula mágica de alguém ouvir. É a condição dos poetas.

"(...)Calhou ser homem. Se fosse mulher podia ter mais orgasmos. Essa é a diferença."


Adorei-te!


Abraço!
____________________



ps: obrigada A. por me deixares ver o mar através desta Varanda.

Abssinto disse...

A metáfora da esfera hermafrodita do Platão, cortada em duas fatias a mim não me consola em nada. Ou finjo não entender. Não me debruço em grandes considerações. Não quero nem sou capaz. Ladies man.

Abraço, V.

Varanda disse...

Obrigado Bandida, um sincero obrigado pelo elogio. É sempre bem vinda na minha varanda.

Abssinto, eu também não sou grande apologista da "Teoria do Corpo Amoroso", embora o meu contemplar possa ser confundido com platónico. Não é. É antes uma viagem interior misturado com uma enorme vontade de não fazer nada ;)


Um parentesis para um comentário ao que a A. tem feito:
Sabes, tenho ali em baixo um contador do "site-meter". Antes de conheceres o meu blog tinha um total de 12 ou 14 visitas em três ou quatro meses, sendo que metade eram as que eu tinha feito com uma mão cheia de post's. Agora tenho esse numero de visitas por dia. Não é que eu escreva para tentar ter notoriedade, mas confesso que saber que há pessoas que me lêem me dá um certo alento para escrever.
Sei sem qualquer dúvida que essas visitas só aparecem devido á visibilidade/publicidade que me tens feito no teu espaço.
Obrigado

Um Beijo

Letras de Babel disse...

...a candura da penúltima frase...

:)

Abssinto disse...

Eu entendi, essa dicotomia,V.;) Não penses demasiado! Ou melhor, pensa. ...para lermos mais posts como este.

A nossa Comendadora preferida é muito prestável, é, é.

Abraço

Varanda disse...

Nan, o seu foi um dos maiores elogios que me fizeram. Sobre candura li algures que:
"Afinal, refiro-me àquelas pessoas que pretendem descobrir a vida, tal qual ela é, sem perfeições, de sul para o norte, de cima para o baixo, no fim ou no princí­pio, nas mais inusitadas circunstâncias. Mas conscientes da idiossincrasia latente em cada um de nós.
E nesse sentido, dispostas a aceitar as diferenças existentes porque, não têm medo de viver. Dessa forma poderão eventualmente, tornar-se complementares e geradoras de mais empatia entre si."

Obrigado

Varanda disse...

A., não te preocupes que já deu para perceber que este Sr.Abssinto é um provocador, um agitador de massas lá dos lados do Cais do Sodré, enfim... Outra gente!! ;)
Claro que me lembro dos serões de verão... tenho uma vaga ideia de uma "tímida altivez"



...a comissão virá...

Mary Lamb disse...

Estará a diferença só nos orgasmos?
A minha opinião é que não há melhores nem piores. As mulheres apenas arriscam mais...

Varanda disse...

Mary, essa fotografia é muito interessante. É mesmo você? É que me parece uma fotografia de contrastes; timidez com irreverência com experiência com sensualidade, ao mesmo tempo um ar andrógino e, como diriam os ingleses, "smart"...

Abssinto disse...

Ai que de súbito me sinto tão ostracizado!

Varanda, as massas é que me agitam e esmagam! A freguesia de S.Paulo é bem airosa (ainda cheira a Lisboa) :P

a., troca o prestável, por solícita:)

Aestranha disse...

Ele há Guerras para as quais é só preciso nascer... Os seres humanos são seres nascidos para a Guerra, a paz é algo que só se almeja através da cultura e a cultura...Bem, é melhor parar por aqui senão sai testamento!

A "Guerra" entre géneros é uma chatice mas pergunto-me até que ponto é que não será inevitável... No entanto, confesso que de vez em quando também me dá uma certa preguiça e nisso identifiquei-me imenso com o teu texto, às vezes não há pachorra!

Gostei imenso das coisas que escreves...

Até já!

Varanda disse...

Abssinto diz antes usado, para fazer uma piadola...

Provavelmente uma das pessoas mais preguiçosas que poderá ter o desprazer de conhecer...