Despido de preconceitos e ideias preconcebidas. Tal como a vida.

29 novembro 2006

Despido

tenho um filho, tenho dois...

...quando olho para mim no espelho vejo a tua imagem do outro lado. ser pai assim não é nada de especial, só tenho que me lembrar, respirar fundo e sentir. os teus sorrisos, os teus silêncios. eu sei, já não sou o que era. agora sou mais tu, calcei os teus sapatos, vesti a tua camisola de lã e abro os braços para quem me pede um abraço, um colo, calor... como tu.

eu já não te peço isso, queria apenas sentar-me ao teu lado, a fazer o que faria se não estivesse a fazer nada; companhia, silêncio, empatia...

...apenas a tua presença

28 novembro 2006

B.R.

"O que ele queria era as mesmas respostas que todos nós queremos; de onde vim, para onde vou, quanto tempo me resta...

Só me restou ficar sentado a vê-lo morrer..."




Tenho saudades, tenho... gostava... gostava de falar contigo outra vez.

21 novembro 2006

M. asked...

Porque é que nos juntamos assim, porque é que vivemos dentro das casas com as almas apertadas a pedir licença, dá um jeitinho, encosta-te, chega-te um pouco para lá… tenho um choro a querer passar, vá, vá lá! quando há tanto espaço na solidão? Porque vivemos mais nos dias não? Porque é que acabamos a ser outra coisa e não aquilo que queremos? Ou será que queremos aquilo que não?
Porque é que nos juntamos assim, quando há árvores à espera, mares de pedra e de esponja, a eternidade serenamente pousada sobre a imensidão? Porque é que nos juntamos assim sobre o cimento…

16 novembro 2006

M. said...

Hoje roubei uns minutos ao tempo do sono e da lista de urgências que me espera para vir ao teu blog. Só vim agora... Depois das esfregonas e vassouras que a empregada abandonou sem avisar que não voltava mais, depois dos gritos belos da criança que gatinha agarrada às minhas pernas (porque não quer outras, nenhumas mesmo, senão as minhas), depois dos chamamentos ansiosos de outro menino que ambiciona mostrar o desenho que fez para mim e quer que com ele eu escreva uma história (e eu escrevo enquanto o jantar se faz... sozinho) depois de ter pedido que me dessem até às 6 da tarde para concluir os meus planos para os meus alunos, porque gosto de fazer planos para os meus alunos,e ninguém me deu, depois de ter sorrido mil vezes e me ter fechado outras, depois de ter gostado do dia de chuva, depois de ter animado algumas criaturas do meu dia e de me ter aborrecido ou zangado com outras, depois de ter pedido que falassem mais baixo e não gritassem, depois de ter dobrado a roupa que a empregada não veio passar a ferro, depois de ter imaginado a quiche para o jantar de amanhã, depois de não me ter deixado deprimir, depois de ter admirado a posição daquele ramo naquela árvore, depois de ter cantado "Às duas por três um albatroz chega até nós" para os meus filhos, depois de me ter sentado no chão da sala a mostrar como se empilham pequenos cubos... depois de mil coisas tão concretas que sei que fiz com a mesma entrega e a mesma paixão que fazem as pessoas bem sucedidas... vim ler-te e escrever-te... que também faz parte... Dorme bem.

13 novembro 2006

Respiro

Já sei o que é o sucesso, já sei...

O sucesso é quando Amas, quando o amor "sai", quando te dedicas e quando te envolves. Quando começas a ver razões para te sentires bem. As que importam...
Cada pessoa que tu vês, em cada momento que tu vives, estás bem, sentes que estás bem. Deixas de olhar para os teus amigos como amigos mas como "prolongamentos" do que tu sentes por eles. E não tens medo. Não condicionas o que lhes dás...

(respiro...)

O sucesso é ser total, é ser "completamente", Ser, Amar, Dás de dentro de ti e não te importas, está tudo bem, não estás preocupado com o que vão pensar e por isso só podem pensar bem de ti. Deste o que tinhas e deste tudo. Pudeste dar tudo. Pudeste dar tudo e por isso é que tens sucesso.

Pensa bem... Não é fácil, não é directo, não é simples. O amor dá muito trabalho, as pessoas não querem ser amadas, querem ser "amadas" querem ser transparentes sem se deixarem ver. Querem que tu descubras o que trazem lá dentro. Querem que tu sejas mãe. Querem que sejas a "tal" mãe. A que imaginam que é ser mãe e como és admirável pensam que a "mãe" és tu.



(respiro...)




Quando tu dás...

09 novembro 2006

Monólogos (ou eu a falar sozinho e a imaginar que o meu filho me está a ouvir)

Sabes, chega uma altura em que se abranda, começa-se a viver a vida com outra "velocidade", deixamos de sentir necessidade de estar presente em todas as ocasiões e deixamos de nos sentir incomodados se alguém se esquece de nós. Escutamos opiniões absurdas sobre a vida e trocamos a exaltação pela simpatia.
Há que saber sorrir perante aquilo que nos incomoda. De alguma forma trabalhar, há que trabalhar. Nunca nada nos cai no colo, ninguém vai receber uma chamada telefónica a alertar para o talento que aí está.
Algures, uns escritos abaixo pensei no sucesso. Não penso que tenha ido suficientemente longe a descrever o que é o sucesso para mim. Pablo Picasso disse que "quando a inspiração chegar vai-me encontrar a trabalhar" O sucesso é ser pintor? e pintar um único quadro muito valioso ou estudado? Não me parece, isso não é sucesso, não dá realização nem felicidade. Dá alegria, mas efémera.
Usando o exemplo do Picasso imagina que consegues que a maior parte dos teus dias não te tragam dissabores nem monotonia e que assim consigas estar activo, no sentido de estar com pessoas e conseguir fazer "funcionar" o teu interior, sem te esconderes e sem te sentires agredido dás algo de novo a ti próprio. Agora imagina que durante esses dias consegues sentir prazer no que estás a fazer e consegues uma ou duas descobertas na rotina. É importante a descoberta porque a tua vida vai-se tornar rotina, como o trabalho do Picasso.
A realização para ti ou para qualquer um, o que é? Será o que mais nos pode aproximar uns dos outros? Será o que nos faz querer conversar?
Sabes, chega uma altura em que se abranda, começa-se a viver a vida com outra "velocidade" e a olhar o sucesso, não como uma forma de afirmação pessoal, mas como uma forma de realização interior. Tu sentes por dentro que te estás a realizar, sentes para ti, não precisas que to digam, sabes quando o teu "trabalho" está a ser...


Um sorriso.

06 novembro 2006

E sabes qual é o problema? O problema é que depois não consegues dizer isto às pessoas...

Lachrimae pavane

Flow my tears, fall from your springs!
Exiled for ever, let me mourn;
Where night's black bird her sad infamy sings,
There let me live forlorn.
Down vain lights, shine you no more!
No nights are dark enough for those
That in despair their lost fortunes deplore.
Light doth but shame disclose.
Never may my woes be relieved,
Since pity is fled;
And tears and sighs and groans my weary days
Of all joys have deprived.
From the highest spire of contentment
My fortune is thrown;
And fear and grief and pain for my deserts
Are my hopes, since hope is gone.
Hark! you shadows that in darkness dwell,
Learn to contemn light
Happy, happy they that in hell
Feel not the world's despite.


Jack Dowland

01 novembro 2006

ProfundisCrónicusMundisSisudus

Agora vou pregar aos peixes, porque realmente pouco interessa o que cada um de nós diz, pesa isso sim o que cada um de nós faz. Sou homem, masculino. Vivo num mundo dominado por homens e controlado por mulheres. Os homens impõem a realidade e a força e as mulheres valem-se da inteligência e da sensibilidade para conquistar o seu lugar no mundo e para construir os seus pontos de vista. Toda a minha vida combati os lugares comuns mas acabo por ter que me render e dizer ao meu filho que "sim", pois filho, é isso mesmo, tal é a normalidade com que as coisas lhe são colocadas e ele se questiona. Chega a um ponto em que me tenho que questionar sobre o que é a realidade para mim.
Nunca pensei ou observei ou sequer considerei o ponto de vista de dois seres humanos relativizado pelo facto de serem de sexos distintos. Nunca me ocorreu, talvez por viver entre seres humanos inteligentes que a inteligência ou o descerenimento fosse uma questão de sexo. Profissionalmente nunca fiz distinção entre nenhum e acho que vivo uma época em que as partes estão envolvidas numa guerra um pouco cega onde se começa a identificar o sexo com outras qualidades. E guerra será enquanto não percebermos que há mais pontos que nos aproximam que os que nos separam.

Estou farto e cansado. Não me oponho a ninguém. Não tenho culpa se os fracos leitores de livros sagrados tentem distorcer o que leram e tentem impor a imagem que já tinham antes de ler o "tal" livro. Não leiam mais livros fazedores de opiniões, venham cá a casa, conversem comigo e deitem essa treta para o lixo de onde nunca devia ter saído. Expliquem-me por que raio estou eu em guerra se eu não fiz nada nem quero fazer para incomodar ou entrar em conflito com quem quer que seja.

Homens, mulheres, homens, mulheres... Que seca. Considerem por um segundo se alguém terá alguma culpa pelo facto de um seu ascendente ser um criminoso qualquer. Imaginemos que há duas raças de bichos na terra. Os marcianos e os venusianos. que culpa tem um marciano se um "bronco" da sua raça é bronco? E um venusiano?
Eu consigo compreender o sinal dos tempos, vivo com ele e adoro-o. Calhou ser homem. Se fosse mulher podia ter mais orgasmos. Essa é a diferença.
Provavelmente uma das pessoas mais preguiçosas que poderá ter o desprazer de conhecer...