Despido de preconceitos e ideias preconcebidas. Tal como a vida.

30 dezembro 2006

Sobre a inveja

"A sociedade é como um individuo que se atira do alto de uma torre. À medida que vai caindo e vendo passar os andares, diz para si próprio: até aqui tudo bem, até aqui tudo bem.
O que importa não é a queda mas a aterragem"

(O ódio)


Ninguém vem ao meu blog dizer mal de mim, tal como ninguém se dá ao trabalho de me tentar ofender com um comentário. Serei assim tão especial? Claro que não.

Noutra casa, bem mais vista e cobiçada li um comentário/insinuação à frase "Qualquer dia dispo-o, sento-o sossegado no sofá da minha varanda virado para o mar, roubo-lhe o olhar e o abraço, dou-lhe um beijo e abandono-o" dita sobre o meu corpo. Como não sabem como eu sou não tentam insinuar que me quero atirar de uma torre. Fazem bem, porque não quero. Mas como não invejam nada de um desconhecido como eu, nem sequer se lembram de me tentar criar "problemas" :))))) Fazem bem, porque não conseguem...

Enfim, "Será que a vida tem um fora José?" claro que tem, pois tem. Somos nós enquanto Deus. Cada um dentro de si tem o seu. Eu faço com o meu o que quero e o que penso e tu fazes o queres com o teu...
No fundo posso dizer que não te invejo porque te amo e assim sou. Posso dizer que sou assim. Posso dizer que amo e por isso estou "Deus", estou fora José.





P.S. Vou voltar a vestir-me de negro porque sim. (a estética)

5 comentários:

Abssinto disse...

:) Opá esse José, esse José...!Tento lá chegar mas não consigo! Mas vocês fazem-me sempre lembrar destas linhas aqui, dum José de há muito tempo. Então para os amigos a. e v.:

José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


Carlos Drummond de Andrade

Abssinto disse...

Percebi. Ando lerdo, lerdo, lerdo.

:D

Bandida disse...

venho espreitar o mar
da tua varanda




azul.








B.
______________________

Jane & Cia disse...

: )

Expomo-nos sempre, mesmo que desconhecidos à palavra alheia que às vezes só tenta destruir.

Acho que quanto mais nos mostramos, mais os outros teimam em achar-se no direito de nos atingir.



***


Um fora José, Um chega para lá. Um on off ou Stand-by, tantas vezes desejado, para mim ou para o outro dissimulado em telecomando universal. Que apague o tédio, que apague a monotonia, que apague a luz, que acenda o dia... amanhã!

sobre-nada disse...

Fazemos de Deus todos os dias, criamos e reiventamos pequenos mundos dentro de nós. Dás um bom deus enquando o amor for a tua dádiva, continua assim, continua a amar.

Bom ano Varanda.

Provavelmente uma das pessoas mais preguiçosas que poderá ter o desprazer de conhecer...