Despido de preconceitos e ideias preconcebidas. Tal como a vida.

25 setembro 2006

Dependência

O que vou poder dizer sobre este assunto?
A imagem que me ocorre é a de algo pantanoso, peçonhento, um polvo que nada num lugar para onde não quero olhar.
Porque me apeteçe "despir-me" do que sinto em relação a isto?

Sinto-me castrado, impotente, há uma revolta surda, um bater descompassado, um entendimento silencioso. A palavra que sobrevoa é vergonha. Sinto-me envergonhado. Parece que a "espiral descendente" de quem me ama é minha responsabilidade. Não vale a pena repetir-me que não, que cada um é responsável por si mesmo, que não posso fazer ou modificar as escolhas de cada um. Parece sempre que ficou algo por dizer, algo por fazer, um abraço que iria modificar tudo...
Alguma vez vou ser capaz de olhar para a cara de quem depende de ti, falar-lhes sobre o que tu fazes e dizer-lhes que não presta? Que tu não prestas, quando eu sei que tu prestas mas não lhes podes dar felicidade porque não és feliz? Não trazes felicidade dentro de ti, trazes dor, trazes dependência de outra coisa, não deles, não do que eles precisam, não da sua "dependência".
Porque é que estamos sempre a pensar em culpa ou a não querer pensar neste assunto? A pensar noutra coisa qualquer?

Onde está a resposta para a dependência? Como é possível eu entender que alguém se queira destruir, suicidar, desistir... no entanto entendo, é como adormeçer, não querer acordar, um dia atráz do outro dia. Olho para uma parede, fecho os olhos, algo me abraça e aqueçe. Faz esquecer a merda onde estou, a merda em que dia após dia me tornei. Aquilo que eu sei que não quero mas não consigo deixar de olhar para a parede. Odeio a parede mas odeio-me mais a mim, dói-me que ainda haja quem me ame, não quero desiludir mais ninguém...


Como vou conseguir escrever sobre isto?

5 comentários:

Varanda disse...

ainda não consigo comentar, como sabes, estas coisas "saiem do pelo"...

Anónimo disse...

Eu não sei como vais escrever sobre isso... Mas acredito que devias chorar sobre isso. E depois experimenta perdoar-te.O resto não depende de ti.

Jane & Cia disse...

e no entanto já estas palavras nos tocaram...

mais uma vez fico grata pela visita de quem tão bem entende um Amor maior. Dos medos, tão grandes, que cada tipo de amar tem, e quanto maior é o amor, maior é também esse medo.

Varanda disse...

Eu é que agradeço. Volte sempre.

Maria Ostra disse...

Dependencia? Liberdade?
Eu cá nunca serei livre...
Dependerei sempre de alguém para COMER.(entendam como quiserem!)

Provavelmente uma das pessoas mais preguiçosas que poderá ter o desprazer de conhecer...